Existe a ideia na nossa sociedade de que a razão e os sentimentos são duas forças que fazem o Homem agir na vida. E que a razão e os sentimentos são como dois rottweilers em duas celas diferentes, e o que vai prevalecer é aquele a que mais "alimentarmos". O seu alimento seria a atenção que lhes damos pelas escolhas que fazemos.
Eu discordo dessas duas ideias; acredito, sim, que o que nos faz agir, ter ações na vida, são os sentimentos.
Se fazemos algo, é porque somos levados a agir pelos sentimentos. Se temos fome, comemos; se temos sede, bebemos; se temos frio, nos agasalhamos; se estamos cansados, nos sentamos ou deitamos, etc. Quando agimos "pela razão", nada mais é do que evitar danos nos sentimentos. Por exemplo, se nós saímos da cama de manhã cedo para ir trabalhar, mesmo não tendo vontade de o fazer, é porque precisamos do dinheiro no fim do mês para ter comida, abrigo, entre outras coisas — coisas essas que suprem as necessidades que os sentimentos nos dão, ou seja, a fim de não termos fome, sede, frio... dores sensoriais. Se respeitamos as regras no trânsito, é para não virmos a ter acidentes, pois, dependendo da gravidade dos mesmos, podemos ter gastos financeiros para reparar a nossa viatura ou, se mais grave for, podemos ferir outros. Às vezes, a morte pode vir de tais ferimentos. Então, a razão é tida em consideração de forma a não termos ou provocarmos danos nos sentimentos.
No segundo ponto, a comparação dos dois cães e a atenção que damos a ambos não está correta, porque os dois não são duas forças iguais. Os sentimentos são mais como um comboio que vai a toda velocidade, e a razão é como abas, as palas que controlam esse comboio. Quando o comboio vai tombar para a direita, a razão faz com que ele seja empurrado para a esquerda, e vice-versa. A razão apenas existe para que esse comboio não descarrile. Quando vemos pessoas que têm as "abas da razão" não muito desenvolvidas, a vida delas normalmente não é muito feliz, pois estão sempre a sofrer pelas escolhas erradas que fazem. Por outro lado, se essas mesmas abas forem demasiado fortes, elas oprimem as carruagens desse comboio, o que faz com que ele tenha muito atrito e não ande na mesma velocidade que precisa para que sejam felizes. As pessoas que têm esse tipo de problema são normalmente muito reprimidas, pois não conseguem buscar o preenchimento que os seus sentimentos demandam. O ideal seria o equilíbrio no atrito entre as abas da razão e a velocidade de um comboio dos sentimentos que não descarrila, mas tem permissão para seguir em frente na velocidade necessária para que a vida avance.
Entender estes conceitos é realmente importante para que possamos parar de ignorar os nossos sentimentos. Afinal, são eles que guiam a vida vibrantemente e lhe dão a luz da alegria. Mas nunca esqueçam que a vida tem regras: a nossa vida e a vida dos que nos rodeiam. Apenas assim temos os conceitos necessários para podermos ter uma saúde mental sadia e completa.
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