To.Always.Touch.You

Published on 18 January 2025 at 08:02

Estive a pensar na personagem principal do filme  "O Gladiador". Onde a mulher dele é morta com o seu filho. Eu fiquei a pensar naquela cena. O que será que está por trás do filme que não nos é mostrado. Bem, nunca fui pai, não imagino como pode ser a dor. No entanto já amei uma mulher uma vez. Consigo fazer a ideia de como terá sido. Todo aquele tempo até que ele se torna num escravo e tudo mais.
Naqueles dias ele deveria pensar na falta que ela o fazia. Deve ter se lembrado do cabelo preto dela, na pele morena que ela tinha, no cheiro que ela exalava para o mundo, no sorriso carinhoso. Imagino como devem se ter conhecido, entre tantas outras, aquela foi quem lhe chamou a atenção. Ele era soldado. Poder saber que voltando a casa que ela estaria lá para o receber, para curar as suas feridas, apoiar nos seus traumas. O ouvir com paciência sempre que tinha algo a partilhar.

Ela, melhor do que ninguém, conhecia o lado mais profundamente negro que todos os soldados têm. Ainda assim, ela o aceitava exatamente do jeito que ele era. Ela sabia o quão grande era esse amor. Quando doente, com as febres típicas daquelas regiões, ela deveria fazer os remédios com leite e açúcar torrado. Com frutas que contivessem vitamina C. Deveria ficar ao lado dele. Pois ele era homem e como tal poderia até ser valente para derrotar os Germânicos, mas uma gripe esvazia toda a masculinidade dum homem. Ela ficava lá e o curava com o sorriso que tinha nos olhos com o amor tenro do seu coração.

Ele deve ter aprendido a ser um homem menos bruto, menos selvagem, conforme foi convivendo com ela. Pois uma mulher tem o poder de edificar um homem. Não há um grande homem que não tenha tido o apoio duma mulher forte. E o quão forte ela deveria ser. Forte em sabedoria. Enquanto ele discutia politicagens com os outros soldados, ela superior a tudo isso, sempre se guardava a sua opinião para si pois contra argumentar só trás confronto e disputas mentais nada práticas. Naquele tempo a opinião da mulher não era levada em conta. Mas Maximus, como todo o homem, conversava na cama com a sua amada, tentando buscar uma outra opinião sobre algum problema. Sábio é o homem que escuta os conselhos da sua mulher quando esta se mostra astuta e inteligente.

Entre todas as mulheres do império, de todas as que ele poderia ter, ele escolheu aquela. Que mesmo que não fosse a mais formosa do mundo, ela era a mais formosa do seu mundo. Olhar para ela, ouvir a sua voz deveria ser como ar fresco para um rosto escaldado pelo sol. Nela ele tinha a sua paz. Ela que vinha do sul, deve ter apresentado a todas as músicas da sua terra.

Imagino na dor que deverá ter sido da sua perda. A dor que quebra o espírito, uma dor que mata a alma. A sua voz apenas existia agora nas suas memórias. O seu cheiro apenas reside agora na sua mente. Não foi só uma esposa que morreu ali, uma parceira, uma amiga, metade de si se foi para o Olimpo. Imagino que tenha passado pela sua cabeça a dúvidas do porquê de ter sido ela a morrer em vez dele. Ele que era guerreiro e tanto lutou. Ele foi poupado e ela não.

Ele deve ter se lembrado de todas as vezes que ele teve a chance de ter sido um melhor marido, mas a rotina fez-lhe dar tudo aquilo como garantido, então fraquejou. Pensando , agora, que não foi o marido que poderia ter sido, reza ele aos deuses para que esteja onde ela estiver...que ela na sua mente duvide das incertezas do seu amado. Que pense ela, que ele a amou e que fez o melhor que pode. Quer Maximus, que os céus se rasguem e ela venha confirmar que ele foi o melhor dentre os Homens para com a sua amada e que esta o beijo ternamente... Pelo menos, mais uma vez.

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