Muito escuto sobre a intuição. Pessoas que vivem a vida guiando-se pela "voz interior". Totalmente desprovidas de atenção aos fatos e perigos que as cercam, como se andassem cegas atrás da bússola interior. Enquanto isso, eu noto que especialistas, estudiosos e pessoas com transtorno de personalidade antissocial (os famosos psicopatas) agem de forma completamente diferente.
Imaginemos um espião a serviço de um estado, numa terra estrangeira, agindo conforme sua intuição em vez de se basear em informações prévias sobre o terreno ou sobre sua missão, e sem o apoio de sua equipe. E eu falo dos espiões que existem desde a Grande Guerra, não me refiro ao 007. Imaginemos um soldado em campo, sem informações factuais sobre o inimigo, seguindo apenas o seu instinto. Podemos imaginar também um motorista que, em vez de usar um GPS, se guia pelo instinto, desperdiçando tempo e gasolina sem necessidade.
A CIA, o FBI, entre tantas outras agências de inteligência, estudam persuasão, manipulação e tantas outras artes para executar suas missões. Missões nas quais eles correm risco de vida. Por outro lado, temos psicopatas e narcisistas: o primeiro, sem conexão com suas emoções, e o segundo, um manipulador por essência. Eles nos rodeiam em nossa sociedade. Vendedores, especialmente os mais destacados, formam-se em técnicas de persuasão e sensibilização para atingirem seus objetivos. Quantas vezes nossos cinco sentidos já não nos enganaram? Ilusões de ótica, entre tantas outras.
Depois, temos aqueles que sempre caem no mesmo erro, mas insistem que ouvir o que sentem é sempre melhor do que aceitar os fatos. Antigamente, uma moça que se enamorava de um jovem precisava que ele provasse ser de boa família, trabalhador, sem vícios e com outros atributos importantes. Hoje em dia, a principal preocupação é como a outra pessoa nos faz sentir, essa é a nova régua. Deste modo, todo o preparo de outrora já foi descartado. Imaginemos, por fim, o grande Sherlock Holmes, que analisa meticulosamente cada pista para criar suas exímias linhas de raciocínio, optando por usar apenas o que sente e ignorando as evidentes provas. Inimaginável, não?
Na verdade, temos os sentidos para nos passarem informações sobre o que nos rodeia. E, se sentimos intuição, não é para ser ignorada. O que quero refletir é sobre aqueles que cegamente seguem essa intuição sem, depois, se basearem em nenhum fato livre de distorções emocionais. Sim, pois há aqueles que mudam os fatos para que sua intuição faça sentido. Não é isso como alguém que altera manualmente o GPS para justificar o caminho que acha que deve seguir, mesmo que seja contrário ao que o GPS indica?
Sejamos sábios, pois erros de teimosia e inocência trazem dores demasiadamente desnecessárias.
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