A dor do adeus...

Published on 22 November 2024 at 01:31

No fim de todas as relações amorosas, digo amorosas porque existem as que acabam sem amor algum. Mas, nas que acabam por inúmeras razões que não sejam a extinção do sentimento, o cérebro humano processa essa dor como se fosse uma ferida aberta. Como se fosse uma ferida física. Uma ferida que não se vê, apenas se sente, portanto, não a conseguimos tratar para, desse modo, a curar.

 

Quando a outra pessoa se vai, fica um vazio marcado pelo pedaço da nossa alma que a outra pessoa leva consigo para bem longe de nós. Nossa alma se sente exposta aos elementos, como se, de repente, a pele do nosso corpo fosse arrancada por completo e nos víssemos atirados a uma noite de ventos e chuvas tempestuosos. Tudo em nós dói. A realidade fica insuportável de ser encarada e, na mente, surge um monte de ideias idiotas de como podemos fugir a essa dolorosa realidade.

 

Quem já passou por esta experiência, ou aqueles que são estoicos o suficiente, sabe que a dor deve ser vivida e que, um dia, por mais que não pareça, ela irá passar. Um novo amanhã irá aparecer.

 

Mas quem experimenta isso pela inédita vez parece que a dor os consome e que o mundo acabou. Loucuras se fazem, e a recuperação é mais dolorosa e lenta.

 

As dúvidas ficam. Fui egoísta com esta decisão? A outra pessoa ficará bem? E vá, a quem queremos enganar, se nós estamos mal, é óbvio que a outra pessoa também estará.

Por que são tão complicadas as relações humanas? Sentimentos parecem sempre ser tão simples. Será que o amor basta para haver a relação?

 

A resposta à última pergunta pode ser ambígua: sim e não. Depende sempre do dilema, do quanto vale a pena, do quão altruístas somos. Não no amor, claro, aí é fácil... nas discussões e nos momentos difíceis. A verdade é que não acabou. Nunca importa de quem é a culpa, por mais que isso possa facilitar. Por mais fácil que seja odiar a outra pessoa, nunca é justo fazer tal coisa. O outro não é perfeito, mas nós também não. O amor sempre fica. As boas lembranças vão doer. Mas toda ferida cicatriza.

 

Quando acaba, sempre é triste. Mas logo uma fase nova se iniciará e tudo voltará a ser feliz. Pelo menos, é a mentira que deveríamos acreditar para sair do luto do fim. Porque, convenhamos, a vida nunca é tão linear assim...

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