Normalmente, referimo-nos aos filhos como os "nossos" filhos. Ou dizemos coisas como "fui eu que te fiz", mas será mesmo?
Normalmente, o homem e a mulher copulam até que seja atingido o orgasmo masculino. Este liberta o espermatozoide (vencedor) até se encontrar com o óvulo, que tem de estar fértil, e fecunda-o. O tempo vai passar e, de embrião, vai-se constituindo até se tornar num bebé. Aí ele nasce e, pronto, os dois "tem" um filho. Mas, desde o orgasmo, o qual foi provocado por atos diretos do pai e/ou da mãe, daí para a frente os pais não tiveram ação direta em nenhum ponto do caminho percorrido pelo espermatozoide, nem na fecundação do bebé, nem em nenhum dos processos posteriores. Pelo menos até a parte de expelir a criança, em que a mãe tem de forçar a sua saída. A menos que seja por cesariana, e aí a mãe nem no parto participa. O que eu quero dizer é que se analisarmos direito os humanos fazem sexo; bebés, quem faz é a própria natureza.
A nossa função, após esse bebé que a natureza nos deu, é educar e preparar para um dia ser adulto e viver a sua vida quando estiver pronto a nível físico e psicológico. Amor, comida, um teto e outras necessidades básicas primárias e secundárias devem ser normalmente garantidas ao bebé pelos progenitores. Quando crescem, passam por várias fases da vida. Ao longo delas, eles experimentam o mundo de diversas maneiras. Vão fazer escolhas que guiarão para sempre as suas vidas por um certo caminho. Quando fazem escolhas diferentes das pretendidas pelos pais, pode haver embates. Mas estes últimos esquecem-se de que, mesmo portando o ADN deles, o filho ainda assim é fruto da natureza e não uma estátua esculpida pelas mãos do pai ou da mãe, mas sim do cosmos. Todos temos o nosso espaço no universo.
Para que possamos ter uma melhor sociedade amanhã, além de por um lado educar os nossos filhos com valores, compreensão do porquê das regras, moral, ética, desenvolver seu lado artístico e emocional, etc... Por outro lado, temos de respeitar os desígnios que eles querem seguir e as suas inclinações. O nosso direito sobre eles vai até onde o respeito por qualquer outro ser humano vai. Na fase em que eles começam a tomar decisões, é mais sábio educar aconselhando do que forçar algum tipo de escolha ou caminho. Tendo sempre em mente que eles são bênçãos dadas pelo cosmos nas nossas vidas e não mini-escravos ou alguma extensão de nós mesmos, no sentido de que o que eles fizerem após a fase das decisões pessoais trará vergonha ou orgulho aos pais. Isso sim é uma ilusão. O dever dos pais é educar, amar e respeitar os seus filhos.
O livre-arbítrio é de todos e cada um é responsável por si mesmo.
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